2020 acaba de começar e já dá sinais de que será um ano acelerado.
A Tesla ultrapassou o valor de mercado das americanas GM e Ford juntas, fazendo, inclusive, com que o CEO de outra gigante, a alemã Volkswagen, se pronunciasse indicando que é necessário recuperar o tempo perdido. Afinal, segundo ele, para atender os anseios dos investidores não basta excelência na produção de automóveis, é necessário ter tecnologia como competência central.
O governo brasileiro também parece estar correndo para se atualizar com os novos tempos. Para isso, passou a permitir que o pagamento de impostos, antes restritos aos grandes bancos, agora, também passe a ocorrer em Fintechs. Nessa mesma levada, vemos o Nubank, pioneiro em prestação de serviços financeiros, sem agências físicas e totalmente digital, comprando uma empresa de referência, a PlataformaTec, “apenas” para absorver seu time técnico – indiscutivelmente qualificado.
Iniciativas de transformação digital parecem estar, finalmente, deixando as discussões de planejamento estratégico e ganhando espaço no dia a dia de boa parte das organizações.
O IDC aponta que, em 2021, os gastos com nuvem vão ultrapassar o montante dos 530 bilhões de dólares. Tudo isso, permitindo a conexão entre pessoas, dados e processos de maneira inédita.
No ano passado, 2019, o Google atingiu a supremacia quântica em um supercomputador, resolvendo em apenas 200 segundos um problema que seria superado, pelo computador mais potente disponível hoje, em 10 mil anos. Ainda não se sabe quando esta tecnologia estará disponível no mercado. Mas ela, seguramente, exigirá profunda revisão na forma como fazemos as coisas – inclusive no que trata de segurança.
Falando em segurança, a LGPD – Lei Geral de Proteção aos Dados, Lei nº 13.709/2018 -, prevista para entrar em vigor a partir do próximo mês de agosto, também parece estar tomando rumos de implantação. Mesmo que já seja aceita a ideia de uma eventual prorrogação, esta não deverá ser muito longa em virtude, inclusive, da rotina de escândalos envolvendo vazamentos de dados.
A impressão 3D está se aproximando de um estágio interessante de maturidade. Ainda nesse ano, acreditamos, serão possíveis verificar alguns dos seus impactos, sobretudo sobre a indústria logística. Afinal, quem irá continuar aceitando custos de armazenamento e transporte extremamente altos em lugar de produção, local, sob demanda?
As inteligências artificiais, ainda vistas por muitos como parte de obras de ficção, estão se popularizando. As assistentes pessoais, nos celulares, estão ficando cada vez mais úteis. Além disso, já é possível perceber claramente a utilização da tecnologia em serviços de atendimento ao consumidor, análise e prescrição. Parece que o mercado aprendeu a obter valor tangível desta novidade e está ansioso em ampliar seu uso.
A conectividade também está avançando a passos largos. As redes 5G devem ser a próxima grande novidade entre os dispositivos móveis e têm potencial para redefinir a forma como transmitimos informações. Velocidades sem precedentes abrirão possibilidades para construção de novas soluções tecnológicas realmente inovadoras.
Empresas de varejo e meios de pagamento, finalmente, estão começando a competir em escalas relevantes com as gigantes mundiais. Há dúvidas do quanto nosso tropicalismo será suficiente para sustentar as posições das grandes marcas nacionais frente a eficiência e agressividade das gigantes Amazon e Alibaba.
Modelos de negócios exponenciais, tão associados à capacidade de processamento, armazenamento e conectividade, que há décadas crescem excepcionalmente, devem se proliferar e exigir revisões, cada vez em menos tempo, das nossas regulações e da forma como gerenciamos nossas empresas e carreiras. No passado recente, acompanhamos o embate entre aplicativos de mobilidade urbana e serviços tradicionais, como os táxis por exemplo. É certo que novos embates ocorrerão em 2020, entretanto, esses terão resoluções cada vez em menos tempo – veja-se o mais recente caso entre o aplicativo Buser com as tradicionais empresas de transportes intermunicipais.
Veja também
- R7: Empresas de ônibus sofrem com o crescimento da Buser
- Em tempos de mudanças exponenciais é irresponsável ser linear
2020 deverá ser o ano em que os benefícios da inovação digital – incluindo a indústria 4.0, inteligência de dados e outras evidências de transformação – devem transbordar as fronteiras das grandes empresas e ocupar as agendas de organizações de todos os portes atuações. Nunca, planejamento e execução eficiente foram tão vitais. Nunca priorizar foi tão importante.
Empresas modernas são, cada vez mais, empresas de software. Nunca ficou tão evidente a necessidade de método e metas. Por um lado, é necessário aproveitar os easy wins rapidamente. Mas, não é responsável adotar postura apenas reativa.
Jack Welck, o lendário CEO da GE, ensina que as mudanças podem ser o oxigênio para o crescimento das empresas. Por outro lado, podem ser a mortis causa daquelas que não consigam mudar na velocidade necessária.
[tweet]2020 será acelerado e não há motivos para não acreditar que as oportunidades irão se multiplicar. Não é aceitável que a restrição para o crescimento esteja “dentro de casa”.[/tweet]