Quantas vezes você já ouviu ou disse a frase: “Mas isso é óbvio!”? No dia a dia, essa afirmação pode parecer natural, mas no contexto da comunicação com usuários, ela pode ser uma armadilha perigosa. O que é óbvio para você, com base no seu conhecimento e experiências, pode não ser tão evidente para outra pessoa. Por isso, é essencial que designers, desenvolvedores e qualquer profissional envolvido na criação de produtos digitais adotem o princípio de “dizer o óbvio” e mostrem isso claramente.
O Cérebro e a Economia de Energia
Nosso cérebro é incrivelmente eficiente em economizar energia. Ele usa atalhos mentais, conhecidos como heurísticas, para simplificar a tomada de decisão. Esses atalhos são úteis em muitas situações, mas também podem levar a erros por falta de informação ou clareza. Quando um produto não fornece explicações claras ou deixa espaço para interpretações ambíguas, o usuário pode tomar decisões equivocadas que comprometem sua experiência.
É aqui que a comunicação clara entra em cena. Ao evidenciar aquilo que parece óbvio, garantimos que os usuários tenham todas as informações necessárias para tomar decisões assertivas, reduzindo os chamados “pontos cegos”.
Usando Convenções de Design como Aliados
Uma das maneiras mais eficazes de evitar confusões é utilizar convenções de design – padrões amplamente reconhecidos que ajudam o usuário a se orientar rapidamente em um produto. Por exemplo, botões “Cancelar” e “Confirmar” devem estar posicionados de maneira que respeitem as expectativas do usuário. Inverter essas posições ou usar termos pouco intuitivos pode causar erros, mesmo para usuários experientes.
Padrões estabelecidos não são um sinal de falta de criatividade, mas sim de respeito à cognição humana. Eles evitam que o usuário precise gastar energia decifrando uma interface, permitindo que ele se concentre no que realmente importa: alcançar seus objetivos com o produto.
Fortalecendo a Confiança do Usuário com Feedback
Outro ponto crucial é fornecer feedback constante e explicações claras sobre o funcionamento do produto e o que se espera do usuário. Quando as ações realizadas geram respostas visíveis, como uma mensagem de sucesso após o envio de um formulário ou uma animação indicando progresso em uma tarefa, o usuário sente que está no controle. Isso reduz a frustração e aumenta a satisfação.
Por outro lado, a ausência de feedback pode deixar o usuário perdido, sem saber se a ação foi concluída ou se houve um erro. Essa lacuna na comunicação pode minar a confiança no produto e comprometer a experiência geral.
Não Me Faça Pensar
No capítulo “Não me faça pensar” do livro UX do Jeito Certo, discutimos como o design deve ser intuitivo e autoexplicativo. Isso significa que, ao usar um produto, o usuário não deve gastar energia tentando entender o que fazer ou como algo funciona. Esse princípio reforça a importância de dizer o óbvio, antecipando dúvidas, eliminando ambiguidades e criando experiências que fluem naturalmente.
É fundamental lembrar que a comunicação clara é mais do que um detalhe. Ela é um elemento essencial para criar produtos que gerem impacto positivo, garantindo que os usuários sintam-se seguros e confiantes ao utilizá-los.