A maioria das empresas começa seu planejamento estratégico pensando em metas. Mas a verdade é que nenhuma meta faz sentido sem um “porquê” por trás.
A motivação — ou ambição — é o combustível das empresas, da estratégia (e da nossa vida também, mas isso falaremos mais para frente). É ela que justifica a direção, sustenta a tomada de decisão e mantém o time engajado mesmo diante das adversidades.
No artigo anterior, “Antes da Estratégia, o que vem?”, discutimos como a construção de um bom planejamento começa antes da definição dos objetivos e metas — com análise de contexto, diagnóstico interno e alinhamento cultural.
Neste conteúdo, quero aprofundar o papel da ambição como ponto de partida da estratégia.
Muito antes da meta, vem o desejo
Crescer 20%. Aumentar o share em 10%. Reduzir custos em 15%.
Metas como essas são importantes. Mas elas nascem de algum lugar. E esse lugar não é uma planilha — é a mente e o coração da liderança.
O que realmente move o seu negócio?
- Conquistar um novo mercado?
- Assumir a liderança em uma vertical específica?
- Ser reconhecido como referência em inovação?
- Gerar impacto social relevante no seu território?
Essas são ambições estratégicas. E toda boa estratégia começa com elas.
Ambição não é objetivo – é o motivo dele existir
Uma das confusões mais comuns é tratar ambição, objetivo e meta como sinônimos. Na prática, eles formam uma escadinha lógica:
Nível | Descrição | Exemplo |
Ambição (ou motivação) | Desejo profundo da liderança, ainda não tangibilizado. | “Queremos ser líderes no segmento de atendimento digital.” |
Objetivo estratégico | Direção definida, com escopo mais claro. | “Aumentar nosso market share em canais digitais.” |
Meta | Valor mensurável e temporal. | “Elevar de 20% para 35% nossa participação nas vendas online até 2026.” |
Sem ambição, os objetivos são arbitrários. Sem objetivos claros, metas viram números desconectados da realidade.
O risco de planejar sem ambição clara
Fazer um planejamento estratégico sem entender a ambição do negócio é como mapear uma viagem sem saber o destino. Ou pior: montar um plano perfeito para chegar a um destino que não importa a liderança.
É nesse ponto que muitos planejamentos se tornam apenas exercícios de gestão, sem aderência com a cultura, com os verdadeiros desejos dos fundadores, ou com o momento real da empresa.
Quando a “motivação” não é forte, qualquer dificuldade vira motivo para desistir.
Como descobrir a verdadeira motivação estratégica?
Essa é uma tarefa mais sensível do que técnica. E por isso mesmo, mais valiosa.
Ao longo dos nossos projetos, percebemos que documentos e relatórios financeiros falam muito sobre o que a empresa faz, mas pouco sobre o que ela deseja ser. A resposta está nas pessoas.
Nossa abordagem envolve três passos:
- Entrevistas com stakeholders-chave
Para entender as diferentes visões de ambição — de sócios, diretores, influenciadores e líderes operacionais. - Leitura da cultura organizacional
Perceber os comportamentos valorizados, os “não-ditos”, as histórias que circulam nos corredores. - Workshops de alinhamento
Consolidar percepções e construir consenso sobre para onde queremos ir — e por quê.
É a partir disso que conectamos com as soluções tecnológicas, tornando TI habilitadora da estratégia, fomentando o que realmente importa.
Conclusão: uma estratégia sem ambição é só um plano sem alma
Antes de correr atrás de metas, reconheça o que te move. A estratégia precisa estar alinhada à ambição. Caso contrário, ela será apenas um exercício técnico, sem engajamento, sem prioridade, sem tração.
Empresas não crescem porque planejam. Crescem porque desejam — e planejam a partir disso.