Em época de crescimento exponencial, onde o cliente é o foco, criar novos produtos exige um bom produto mínimo viável. Nesse sentido, tratar de arquitetura mínima viável é obrigatório.
Em nossas consultorias percebemos times divididos, onde o “eu vs. eles” é mais frequente do que imaginamos. De um lado, o “eu” é uma squad que trata da experiência do cliente querendo provar o valor de um novo produto, o que é legítimo. De outro lado, no “eles”, temos arquitetos esbarrando em questões de boas práticas, segurança, escalabilidade e resiliência para garantir que o novo produto não gere riscos à operação, deixando uma visão de “software fraco” para o negócio, o que também é legítimo.
Arquitetos de software são frequentemente adicionados a conversas de produtos, para que antecipadamente, desenhem a melhor solução, visando criar o melhor cenário para o sucesso do produto, e isto, muitas vezes, não atende o time to market que times negócios precisam. Geralmente, isso se dá por decisões complexas e excesso de tecnologia. Pois bem, como equilibrar e manter arquitetos e times de produtos alinhados a um objetivo? Como provar valor sem prejudicar a reputação da empresa e sem gerar riscos à operação?
A resposta é: “em época de crescimento exponencial” o dito “eu vs. eles” não é mais aceito e pensar em uma arquitetura mínima viável tende, não só apaziguar esse conflito, mas atender os objetivos de negócios.
Definindo produto mínimo viável
Em poucas palavras, um produto mínimo viável foca na experimentação para entender se o que será lançado terá market fit, ou seja, adoção ao mercado.
Quando pensamos em um MVP, compreender que ele precisa ser idealmente sem complexidade, com métricas efetivas, reduzir o desperdício de tempo e recursos diversos é a chave para direcionar seu novo produto ao mercado e atender aquilo que os clientes precisam.
Um MVP, habilita a experimentação contínua para construção de um produto, o que necessita medir com dados e não suposições, aprender e gerar novas ideias.
Definindo arquitetura mínima viável
Assim como MVP, o MVA habilita a arquitetura de software a acompanhar a evolução do produto sem trazer a complexidade acidental, reduzindo, também, desperdícios de tempo e de recursos diversos, além de desperdícios computacionais originados pela complexidade tecnológica.
A arquitetura mínima viável está ligada à questão de evolução do produto, à medida que o produto evolui a arquitetura do software evolui em paralelo, afinal um software não é estático.
Na prática, construir o sistema perfeito raramente é uma tarefa fácil, portanto, a arquitetura mínima viável contribui para que as decisões de tecnologia sejam orientadas a partir dos fatos conhecidos e não por suposições.
Produto em foco
Como exemplo, um e-commerce, clientes adicionam produtos em uma lista de desejos como forma de guardar esses produtos e posteriormente realizar a compra. Aliás, um estudo realizado pelo Google, revelou que 44% dos compradores online adotam uma lista de desejos para guardar itens de seu interesse.
Duas grandes oportunidades são percebidas quando adotamos uma lista de desejos. Primeiro, uma diminuição do carrinho abandonado e outra, mais relevante, é o fato de conhecer os produtos que nossos clientes desejam, aliás, nada mais valioso que o próprio cliente falar o que ele precisa.
Ao aplicar o golden circle, conseguimos claramente entender o porquê estamos criando esse produto, o meio que será utilizado e o que iremos fazer.
Portanto, o objetivo do negócio ao adotar uma lista de desejos será – “Conhecer nossos clientes a ponto de saber quais os produtos eles mais desejam”.
Nessa linha, também é importante entender como medir o experimento desse produto, em nosso caso precisamos entender a adoção dessa feature e a conversão a partir da lista de desejos.
Arquitetura em foco
Considerando que – “Conhecer nossos clientes a ponto de saber quais produtos eles mais desejam” – como a arquitetura pode contribuir para que o objetivo de negócio seja alcançado?
Hipoteticamente, foi definido que na página do produto, PDP, haverá um ícone, um coração, que ao clicar o produto será salvo em uma lista de desejos que poderá ser acessada na área logada do cliente.
A arquitetura pode contribuir criando perguntas com o propósito de desenhar o necessário suficiente para atender a experimentação do produto a ser lançado.
Perguntas como:
- Qual é a estimativa de clientes para utilizar esse produto no primeiro dia?
- Qual é a estimativa de clientes para utilizar esse produto em 3 meses?
- Haverá alguma divulgação em massa?
- Como os dados coletados serão utilizados para insights?
Abaixo, colocamos o diagrama com a arquitetura mínima para atender o objetivo de negócio visando reduzir complexidade e redução de custos com desperdícios tecnológicos, além de disponibilizar quais são os atributos de qualidade que devem ser atendidos.
À medida que o produto evolui, novos atributos de qualidade precisarão ser implementados. Portanto, o ciclo “construir, mensurar e aprender” irá fazer parte, também, do processo de evolução da arquitetura.
Conclusão
Quando trabalhamos com MVP lidar com um MVA é essencial para o atingimento dos objetivos de negócios sem gerar complexidade, reduzindo desperdícios tecnológicos, além de eliminar silos como “eu vs. eles“.
Torna, também, os arquitetos como parte do negócio, removendo aspectos onde arquitetura é percebida como impeditiva ou com excesso de preciosismo.