Trabalho remoto aumentou a produtividade
Com a pandemia e o trabalho remoto os desenvolvedores estão trabalhando mais e entregando mais. Isso é o que diz o report The 2020 State of the Octoverse, divulgado no final do ano passado pelo Github, com base em dados de mais de 35.000 organizações. Ele não só indica que não houve queda de produtividade no trabalho dos desenvolvedores durante a pandemia, mas também que as pessoas estão trabalhando mais e entregando mais. A mesma visão também é seguida pela publicação da Accelerated Strategies Group que aponta que a percepção de mais da metade das lideranças e profissionais em geral (59,5%) é de que houve melhora na produtividade desde o início da pandemia.
We see increased development work—both time spent and amount of work—across all time zones we investigated. Developers may be taking advantage of flexible schedules to manage their time and energy, which contributes to this sustained productivity.
A pandemia provocou mudanças significativas na forma que as empresas percebem o trabalho remoto. Companhias que nunca imaginaram ser possível manter uma equipe produtiva em um formato de trabalho não presencial tiveram que, da noite para o dia, aprender a operar seus negócios de fora do escritório. O incrível foi que, boa parte delas conseguiram obter bons resultados e ainda perceber a redução de custos de manutenção dos escritórios, fazendo assim florescer uma nova perspectiva sobre como podem operar.
Embora alguns gestores ainda tenham receio de manter o trabalho remoto no pós-pandemia, talvez o maior medo deveria ser o de não conseguir mantê-lo, visto que esse já não é mais um diferencial para atrair e reter profissionais.
Pós-pandemia e o apagão de profissionais de TI
Se antes já observávamos um apagão de bons executivos de tecnologia, agora o problema se estende a toda área. Várias empresas aproveitaram o fim das fronteiras geográficas proporcionadas pelo trabalho remoto para preencher vagas que estavam ociosas há meses com pessoas de outras localidades, até mesmo de países diferentes. O resultado é o aumento na competição por bons profissionais de tecnologia. Neste cenário, o Brasil tem esse efeito agravado devido ao câmbio desvalorizado que torna as ofertas de trabalho no exterior altamente atrativas para os profissionais.
Entregar resultado é preciso, com ou sem time
Em tecnologia, a busca por profissionais não pode ficar restrita aos departamentos de RH (que em muitas empresas ainda não aprenderam a captar profissionais de tecnologia). Precisa de trabalho pró-ativo das lideranças, engajamento do time, atuação direta nas comunidades e investimento em employee branding. Apenas submeter para o RH uma solicitação de vaga e aguardar é provável que signifique apenas mais vagas abertas e não preenchidas.
Nesse momento passa a ser competência estratégica para os líderes de tecnologia a capacidade de estruturar parcerias com empresas de tecnologia para compor seus times e não deixarem de entregar projetos valiosos para o negócio devido a escassez de profissionais. Garantir o equilíbrio entre contar com outras empresas sem terceirizar o core do negócio pode ser desafiador, principalmente se não houver um método para tal iniciativa.
Portanto, na prática, o grande desafio dos próximos anos não será (ou não deveria ser) viabilizar a continuidade do trabalho remoto, mas sim manter e aumentar a capacidade de entrega retendo bons profissionais de tecnologia. Para imprimir ritmo nas entregas, parcerias bem estruturadas se tornam um imperativo estratégico para gestores. Por fim, aprender a terceirizar mais ao mesmo tempo que mantém o controle das atividades core da empresa.