A revista HBR de setembro de 2019 faz, em seu artigo de capa, uma provocação interessante: empresas estão substituindo o foco em sua estratégia por indicadores ruins/incompletos – isso está fazendo, segundo a revista, que as empresas deixem de realizar o que é mais importante.
De fato, maus indicadores podem ser fatais para o negócio! [tweet]As pessoas se empenham para performar bem nos critérios em que são avaliadas. Logo, métricas e indicadores mal formulados acabam fazendo com que resultados diferentes dos desejados sejam alcançados.[/tweet] Entretanto, não nos enganemos, o que não se mede não se otimiza!
Um dos maiores desafios da gestão é, sem dúvidas, traduzir a estratégia para indicadores corretamente. Falhar nisso, faz com que a organização tenha riscos enormes em executar sua estratégia. De qualquer forma, [tweet]não conseguir expressar de forma objetiva critérios que consigam indicar se a empresa teve êxito indica que não se sabe ao certo onde se deseja chegar.[/tweet]
Como bem indicado em um livro que já recomendamos, a execução, para ser bem sucedida, precisa de poucos, porém bons, indicadores. Mais do que isso, a relação de indicadores precisa ser MECE – mutuamente exclusiva (não deve haver mais que um indicador para um aspecto do objetivo) e coletivamente exaustiva (nenhum aspecto deve ser deixado de fora).
Bons indicadores são aqueles que indicam que os objetivos da empresa estão sendo alcançados mas que também conduzem a ação. Indicadores tradicionais, que só refletem o que já aconteceu (como faturamento e lucro, por exemplo), embora importantes, ajudam, no máximo, a indicar a necessidade de ações corretivas.
O exemplo clássico, talvez o mais simples, para entender indicadores que conduzem a ação é o de alguém tentando superar a obesidade.
O “peso na balança” é, sem dúvidas, um indicador importante. Porém, o problema é que o peso, sozinho não indica a ação e, por isso, “peso na balança” acaba não sendo um indicador que colabora para o sucesso no objetivo.
Uma lista MECE de objetivos táticos, para a perda de peso, deveria incluir “comer bem” (logo, acompanhar quantas de nossas refeições estão em conformidade com uma determinada restrição calórica) e “fazer exercícios” (logo, acompanhar quantos dias da semana fazemos exercícios físicos apropriados com duração adequada) deveriam estar considerados.
“Peso de balança” como indicador pode até levar a pessoa a perder peso, mas, fazendo coisas erradas, como dietas “malucas” (Experiência pessoal!) e isto corrobora o ponto de atenção indicado artigo da revista. Entretanto, “nro de refeições em conformidade com a dieta” e “nro de dias com exercícios” afastam o risco de que 1) falhemos em atingir o objetivo e 2) atinjamos o objetivo da maneira errada.
[tweet]Reafirmamos que liderança significa 1) atingir metas, 2) com o time, 3) fazendo a coisa certa. Não há liderança sem metas![/tweet] Entretanto, times bem liderados, se não forem guiados pelas metas certas, não vão conseguir fazer com que a organização tenha êxito.
O problema não está em substituir a estratégia por indicadores. O problema está em escolher indicadores ruins. Afinal, a incapacidade de conseguir definir critérios objetivos para indicar que atingimos o sucesso é reflexo de não sabermos, com clareza, o que o sucesso significa.
Melhor uma empresa sem métricas que uma com métricas erradas 🙂
As duas são “ruins” mas métricas erradas te dão uma “certeza” que não existe, e a velocidade que as coisas acontecem com base em dados falsos pode deixar difícil a recuperação de uma decisão errada.