Muitas vezes, precisamos lidar com o fato de não conseguirmos levar adiante iniciativas em que temos plena convicção. Não raro, temos a sensação de estar desperdiçando tempo e recursos adquirindo competências que não conseguimos explorar, ou, ainda pior, deixando de aproveitar oportunidades em função de nossa falta de preparo. A razão mais comum para todas essas frustrações, acreditamos, está na curiosa e brutal relação entre as competências que possuímos e o controle que exercemos sobre o meio.
É fato que todos temos competências. Ou seja, preparo para executar determinados tipos de atividades com alto desempenho. Entretanto, é fundamental entender que elas, sozinhas, não são suficientes para que possamos, efetivamente, fazer a diferença.
[tweet]Para sermos bem-sucedidos, além de competência, precisamos contar com a vontade, expectativa e o reconhecimento, tanto da nossa parte quanto dos outros, de que reunimos as condições necessárias para performar bem.[/tweet] As áreas onde contamos com esse tipo específico de apoio constituem a nossa “zona de controle”.
Do encontro entre nossas competências e de nossa “zona de controle” nasce nossa “zona operacional”. No dia a dia, é ali que devemos dedicar nosso foco, energia e entusiasmo. Nossa “zona operacional”, que não é, necessariamente, nossa “zona de conforto”, mas, sim, é onde conseguimos gerar valor de forma consistente.
É crítico que entendamos que de pouco adianta reunirmos competências se não contarmos com a expectativa, vontade e reconhecimento dos outros de que as utilizemos. Por outro lado, de pouco adianta termos “autorização do meio” para atuar se carecermos de competências para performar bem.
Estrategicamente, entretanto, seremos mais efetivos e valiosos, na medida em que conseguirmos ampliar nossa “zona operacional”, ou seja, a sobreposição entre nossas competências e nossa “zona de controle”. Afinal, quanto maior essa área, mais efetivos e potencialmente mais produtivos nos tornamos.
Em tempos de mudanças radicais e rápidas, competências não exploradas correm o risco de se tornarem rapidamente obsoletas. De forma análoga, controle mal exercido logo é perdido, afinal, como diz o ditado popular “quem não dá assistência, perde para a concorrência”.
Interessante observar que enquanto competências são adquiridas, o controle é conquistado. As competências geralmente são individuais enquanto o controle é sempre relacional. O desenvolvimento de novas competências demanda capacidades cognitivas, enquanto o controle emerge da qualidade das relações políticas.
Desenvolver competências em áreas em que não temos, nem teremos, controle é desperdício de tempo e de recursos. De qualquer forma, é sempre difícil determinar quais são os limites, se é que eles existem, para o quanto de controle poderemos exercer no futuro. Um limite autoimposto se converte rapidamente em uma crença limitante.
Seja para desenvolver competências úteis em nossa “zona de controle” ou para sensibilizar o meio de que temos condições de entregar mais, precisaremos lidar com o tempo. Precisaremos investir tempo para fazer o que é necessário. Também precisaremos ter paciência e compreensão de que há “intervalo de tempo” a percorrer até que nossos esforços façam efeito.
O custo da oportunidade nasce na delicada relação entre a escassez e a escolha. Nosso tempo é mais escasso do que temos condições de avaliar e, por isso, é fundamental que sejamos criteriosos em nossas escolhas sobre o que fazer e o que não fazer para aumentar nossa “zona operacional”. Por outro lado, tempo é um recurso não conseguimos “estocar”, logo, a ociosidade e o descaso, nesse sentido, acabam sempre cobrando um preço muito alto.
Não pequemos pela ingenuidade! Fazer a gestão efetiva da própria carreira ou de um negócio passa, fatalmente, pela definição de quais são competências que precisamos desenvolver para aproveitar melhor o controle que exercemos sobre o meio, ou, quais relações precisamos estabelecer para que possamos colocar nossas competências em prática. Esse é o ponto central do pensamento estratégico e o antídoto para lidar melhor com as frustrações relacionadas com o que conseguimos, ou não, “tirar do papel”. Enquanto isso, façamos o máximo possível em nossa “zona operacional”. Não esqueçamos que, por enquanto, é nela que “pagamos as contas”.