Se uma atividade pode ser automatizada, ela será. A única questão razoável é “quando?” Já vemos computadores executando funções analíticas, fazendo inferências e tomando decisões. Inteligências artificiais já controlam nossos carros, casas e entretenimento. Discretamente, elas já fazem parte das nossas rotinas e nem chegamos a perceber quando isso aconteceu.
As inteligências artificiais já foram capazes de nos superar em jogos que nos considerávamos imbatíveis. Primeiro, uma máquina, o Deep Blue, superou, em 1997, Gary Kasparov – provavelmente, o melhor jogador de xadrez de todos os tempos. Vinte anos depois, foi a vez do Alpha Go superar Ke Jie – apontado como jogador de Go mais forte da história. Também já fomos derrotados no Poker.
Em 2019, durante a Think 19, presenciamos um embate original entre homens e máquinas: uma competição de debate. Desta vez, entretanto, sustentamos nossa vantagem. De qualquer forma, mesmo derrotada, o desempenho da inteligência artificial impressiona.
Harish Natarajan, recordista de vitórias em competições de debate, enfrentou o IBM Project Debater, a primeira inteligência artificial capaz de debater com humanos em tópicos complexos. O humano venceu, pelo menos conforme a avaliação dos jurados, também todos humanos.
O sucesso dos computadores em embates contra humanos pode ser explicado pelo crescimento exponencial das capacidades de processamento, armazenamento e conectividade. Apenas como referência, o poder computacional do Deep Blue, que venceu Kasparov, é superado largamente pelo já antigo Galaxy S5. Não é incorreto dizer que todos temos, em certa medida, supercomputadores em nossos bolsos.
O ritmo acelerado das evoluções tecnológicas parece apontar que nossa derrota, também nos debates, é questão de tempo.
Quando tecnologias como as do IBM Project Debater forem economicamente escaláveis, certamente veremos inteligências artificiais “debatendo” muito além das centrais de atendimento. As profissões baseadas em conhecimento, associação e retórica serão, sem dúvidas, impactadas e, certamente, serão redefinidas. A única questão é “quando”, embora a resposta óbvia seja “logo”!
Há uma infinidade de desafios e oportunidades. Para preservar suas posições, profissionais irão precisar desenvolver competências em áreas onde os computadores ainda não tem boa performance. Para as empresas, é tempo de acelerar iniciativas de transformação digital – o futuro é incerto e parece definitivo que empresas que não reconhecem tecnologia como competência central estão fadadas a irrelevância ou ao desaparecimento.