Parece que o Governo Federal resolveu estabelecer, em último caso de forma unilateral, um teto de preços para fornecedores de TI. O primeiro alvo foi a Microsoft, entretanto outros grandes nomes como Red Hat, IBM e Oracle serão atingidas na sequência. O argumento, é gerar economia de até 35% nos gastos com tecnologia.
O estabelecimento de um “controle de preços” é prática comum quando, de um lado, o comprador tem grande impacto nas contas do fornecedor. Entretanto, não deixa de sempre um fato curioso. Os gastos totais do governo no último ano são da ordem de 8 bilhões de reais.
A Controladoria Geral da União observou todos os preços ofertados pela Microsoft desde maio e selecionou os mais baixos para formar a tabela. Importante destacar que os estudos da Controladoria não levaram em consideração volume de compras, por exemplo, que é sempre um fator determinante para formação de preço. O argumento do governo é que não faz sentido preços diferentes serem praticados, por um mesmo fornecedor, em negociações separadas.
O argumento, embora aparentemente racional, vai em direção oposta ao que é mais comum em leis de mercado. Seria mais razoável “unificar” as contas para aumentar o poder de barganha do que impor meios artificiais e, principalmente, unilaterais de controle.
Qual seria a posição do Governo Federal caso a Microsoft se recusar a cumprir tal tabela? O Governo iria buscar outro fornecedor? Estaria considerando os custos de migração, capacitação e upgrades?
Já vimos, no passado, iniciativas fracassadas do governo de substituir software, optando por opções free, sem levar em conta os prejuízos de produtividade.
Os recursos do governo federal são de interesse de todos os brasileiros. Por isso, o tema é relevante. Mas, não nos parece que iniciativas agudas, como essa, consigam persistir no longo prazo.