O Valor Econômico veiculou hoje (30/09) o resultado da pesquisa Global Cybersecurity Index, que posiciona o Brasil em 71º no ranking mundial de segurança em infraestrutura cibernética. Já estivemos em sétimo, logo atrás da Noruega. Atualmente, estamos cinco posições atrás do Paraguai. Esse resultado é grave, pois, na nova economia, segurança digital é tema mais do que relevante. Se nossa infraestrutura física já não diz muito a nosso favor, agora estamos começando a ter prejuízos de imagem por conta da fragilidade de nossa infraestrutura digital.
Incidentes de segurança, como casos frequentes e cada vez mais próximos de sequestros de dados, por hackers, têm assustado o empresariado brasileiro. Uma das consequências indiretas é a disparada dos valores dos seguros oferecidos por empresas especializadas. Enquanto isso, temos uma nova legislação para tratamento de dados, a LGPD, que aparenta ser promissora, embora tenha implementação mais cercada de dúvidas do que certezas.
Nossa imaturidade tem convertido oportunidades de economia e ganhos de escala oferecidos pela nuvem em dores de cabeça. Faltam pessoas qualificadas, políticas consistentes e, principalmente, visibilidade na segurança e infraestrutura. Entre os vetores de vazamentos mais preocupantes ainda são dominantes “erros de configuração” e “contas comprometidas”, o que ressalta ainda mais que nossa deficiência, antes de técnica, está na qualificação das pessoas. Nesse contexto, ainda mais responsabilidade recai sobre o desenvolvimento de software que, daqui para frente, precisará contemplar a adoção de práticas e padrões seguros que ajudem, inclusive, aos usuários errar menos.
O fenômeno da consumerização, que trouxe os dispositivos dos funcionários para o dia-a-dia das empresas ainda intensifica o problema. Entretanto, é alarmante o volume de relatos em que “um clique inocente” expôs dados particulares e das companhias. Qualquer busca por falha/brecha de segurança no iOS (sistema operacional do iPhone) ou no Android retorna centenas de resultados. Fato que a consumerização não ocorre apenas em nosso país, mas transparece que não estamos gerenciando este fenômeno adequadamente.
O caminho para a superação dessas dificuldades começa com investimento em qualificação das pessoas, seguidas do estabelecimento de práticas e políticas claras nas organizações. [tweet]A implementação da LGPD também é relevante mas não é suficiente. Temos que superar a ideia de implementar padrões de segurança para atender a lei e passar a reconhecer como fundamento estratégico.[/tweet]
Até hoje, nos preocupávamos apenas com rodovias, pontes, viadutos, sistema elétrico, etc. Tudo isso ainda é importante, sobretudo, para a velha economia. [tweet]Entretanto, para que continuemos tendo esperanças de sermos o país do futuro, é hora de focarmos no que o presente exige.[/tweet] Não podemos descuidar de nossa infraestrutura digital.