Profissionais que se destacam, hoje em dia, são hábeis em resolver problemas. Eles conseguem identificar causas, relacionar alternativas e, principalmente, planejar ações de maneira efetiva. Curiosamente, todas essas atividades implicam em fazer listas “MECE”.
A resolução de problemas implica em construir uma visão abrangente e precisa do cenário atual. Entretanto, em um nível de detalhes que facilite a compreensão respeitando os limites de carga cognitiva dos envolvidos.
MECE
O princípio MECE, é uma técnica de agrupamento para separar um conjunto de itens em sub-conjuntos que sejam mutuamente exclusivos (ME) e coletivamente exaustivo (CE). Ele foi desenvolvido no final da década de 1960 por Barbara Minto na McKinsey & Company.
Uma lista é “MECE” quando todos seus elementos são, ao mesmo tempo, mutualmente exclusivos e coletivamente exaustivos. Ou seja, não há “sobreposições” entre os elementos e tampouco há omissões. Listas “MECE” se destacam por sua clareza e também por serem completas. Logo são ideais para cenários onde é preciso determinar com segurança um rumo a seguir.
Listas “MECE” ajudam a focar no que é importante
Listas “MECE” precisam ser exaustivas mas não devem ser extensas. Quando há muitos itens em uma lista, é razoável “abstrair” os elementos em categorias. Por exemplo, em um assessment de um grande sistema legado é comum identificar dezenas (ou até centenas) de pontos de atenção. Porém, sabendo que listagens extensas atrasam a tomada de decisão, é razoável abstrair categorias de problemas e discutir ações de forma que faça mais sentido para o negócio. O cuidado a se tomar, entretanto, é que esse esforço para a abstração faça com que pontos importantes da lista original continuem representados por apenas um elemento da lista mais abstrata.
Para problemas em potencial, é interessante tentar criar uma categorização com base em impactos bem distintos.
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Na EximiaCo, quando listamos pontos de atenção identificados em assessment, usamos “MECE” abstraindo conforme outcomes. Ou seja, agrupamos pontos de atenção conforme os “benefícios” (outcomes) possíveis de se obter na resolução do que foi identificado. Entretanto, é importante que cada ponto de atenção tenha relação direta com apenas um outcome. Nossa obsessão em produzir listas “MECE” nos torna mais objetivos. Produzimos listas curtas mantendo nosso foco naquilo que realmente importa. |
Listas “MECE” explicitam temas que precisam ser aprofundados
Listas “MECE” devem ser curtas, mas não devem ser superficiais. Se o desafio é reduzir custos, por exemplo, é fundamental conhecer os “custos totais” e criar uma lista abrangente para indicar o racional desse resultado. Nesse caso, um bom ponto de partida seria uma lista MECE contendo as categorias “Custos Fixos” e “Custos Variáveis” com seus respectivos montantes, que, entretanto, embora exaustiva, é demasiado abstrata. O desafio, para redução de custos certamente implicará levar essa categoria a mais níveis de detalhe até ser possível identificar as fontes ofensoras. De qualquer forma, cada nova “camada” não deixará perder de vista a visão do todo.
Listas “MECE” direcionam a ação
A partir de listas “MECE” de desafios é mais fácil abstrair listas “MECE” de oportunidades que direcionam a ação. Afinal, cada item priorizado gera uma iniciativa que deve ser decomposta, mais uma vez, em uma lista “MECE” contendo ações suficientes para resolução. Ao completar as ações de uma lista “MECE” para um determinado desafio, ele estará superado.
Concluindo
Mais do que uma técnica de agrupamento, o princípio “MECE” aplicado a listas é um framework para a forma como pensamos.
Sem conhecimento “completo” dos fatos é fácil deixar de atacar o que realmente importa. Entretanto, sem uma boa generalização, é fácil se prender a detalhes e perder a objetividade.
A habilidade de construir listas “MECE” demanda treino, mas o esforço vale a pena.