Quem programou com C/C++, com certeza, em algum momento, se deparou com a necessidade/possibilidade de escrever macros. Trata-se de um recurso útil mas que em C/C++, frequentemente, se converte em “dor de cabeça”.
A linguagem Rust incentiva a criação de macros (rotinas executadas durante a compilação) como forma de melhorar ainda mais a performance de nossas aplicações. Entretanto, em Rust, as macros são mais fáceis de criar e de entender do que em C++.
Todas as vezes que vemos a chamada para uma “aparente” função cujo o nome encerra com uma exclamação (!), estamos, de fato, instruindo o compilador a executar uma macro durante o processo de compilação.
Talvez, a macro mais utilizada, em Rust, seja println!.
use std::io; fn main() { println!("Enter a name:"); let mut name = String::new(); io::stdin().read_line(&mut name) .expect("Failed to read line"); println!("Hello, {}", name); }
Graças ao poder das macros Rust processa a interpolação durante a compilação. Logo, o código executável acaba sendo bem mais limpo, performático e objetivo.
Podemos entender macros como “código que escreve código”.
Nossa primeira macro em Rust
Para que possamos entender melhor como macros em Rust funcionam, comecemos com um exemplo bem simples. A sintaxe de Rust para definição de macros declarativas é um pouco exótica, mas muito poderosa.
macro_rules! hello { () => { println!("Hello from Macros World"); } } fn main() { hello!() }
No exemplo acima, a “chamada” para a macro hello! é substituída, durante a compilação, pela instrução que chama (a também macro) println!. A macro hello! não existe no código executável.
Observe como a própria definição de macro, em Rust, é feita através de uma macro (macro_rules!)
Macros e Pattern matching
macro_rules permite que definamos diferentes padrões para fazer a substuição do código de maneira mais apropriada.
É como se pudéssemos definir sobrecargas para as macros que estamos escrevendo.
macro_rules! hello { () => { println!("Hello, World"); }; ($x:expr) => { println!("Hello, {}", $x); } } fn main() { hello!(); hello!("Elemar"); }
No exemplo acima, a primeira “chamada” para a macro hello! é substituiída por um print! de “Hello World” (primeiro padrão). A segunda, por um print com concatenação (segundo padrão).
Novamente, a utilização de macros nos permite escrever código expressivo e leve.
Macros, Pattern matching e recursão
Rust permite que macros sejam chamadas recursivamente.
macro_rules! hello { () => { println!("Hello, World"); }; ($x:expr) => { println!("Hello, {}", $x); }; ($head:expr $(, $tail:expr)+) => { hello!($head); hello!($($tail),*); } } fn main() { hello!(); hello!("Elemar"); hello!("Gabriel", "Otávio"); hello!(1, 2, 3, 4, 5); }
No exemplo acima, o terceiro pattern aceita um número variável de argumentos e usa recursão para garantir que todos os valores sejam devidamente processados.
Em tempo de execução não há nenhum laço ou recursão. Afinal,como todas as chamadas de macro são processadas pelo compilador e o código final acaba sendo apenas aquele “emitido” pela execução dessas macros (Por exemplo, a chamada hello!(1, 2, 3, 4, 5);
se converte em cinco chamadas distintas e simples para a macro println!
Usando macros para especializar Rust
Rust permite que definamos palavras chaves para serem consideradas no pattern matching. Essa ideia simples permite implementações poderosas de linguagens específicas de domínio.
macro_rules! printer { (print $e:expr) => { println!("Just {}", $e); }; (print twice $e:expr) => { println!("First : {}", $e); println!("Second: {}", $e); } } fn main() { printer!(print "Elemar"); printer!(print twice "Elemar Jr"); }
No exemplo acima, temos dois patterns para a macro printer!. O primeiro, faz a substituição do código por uma chamada simples de println! e o segundo faz uma substituição por duas chamadas. Perceba, entretanto, que print e print twice não estão definidos na linguagem Rust – são “inovações” da nossa macro.
Por enquanto… era isso!
Macros são essenciais para a escrita de código expressivo e econômico. Rust oferece recursos poderosos para definição de macros e as utiliza de maneira intensa. Entretanto, diferente de C++, as macros estão integradas ao processo de compilação e, quando geram erros, estes são bem detectados pelo compilador e são apresentados em linguagem simples e direta.
O objetivo desse post não era mostrar como escrever macros em Rust. Em vez disso, nosso desejo era mostrar algumas potencialidades dessa feature.
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