Software mal implementado, porém funcional, constitui ameaça real para os negócios. Exemplo disso é a enxurrada de notícias envolvendo vazamentos gigantescos de dados, a partir de software de grandes empresas, não por “exploração técnica de hackers ultra qualificados”, mas por falhas aparentemente grosseiras de planejamento ou implementação.
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Instintivamente, é possível deduzir que há, além do que temos visto nas manchetes, outras centenas de “falhas em potencial” esperando para serem descobertas. O curioso é que, de forma geral, grandes empresas investem significativamente em tecnologia. Além disso, contam, no seu quadro de colaboradores, também com gente muito boa. Então, o que há de errado?
Salvo raras exceções, entendemos que o problema é que o “custo da oportunidade” percebido associado a “arrumar software” é muito alto. Ou seja, o custo de deixar de implementar novas features que apóiam o negócio, em favor de “pagar dívidas técnicas” parece ser significativo demais para ser ignorado.
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A culpa disso, acreditamos, não está somente na incompetência insensibilidade das lideranças, mas na incapacidade dos times técnicos de mensurar de maneira objetiva os riscos e prejuízos decorrentes da má implementação.
Como técnicos, geralmente sabemos apontar que algo está errado e que existem riscos muito grandes em uma implementação ruim. Entretanto, não conseguimos indicar o tamanho desse risco nem seu impacto financeiro.
Não é difícil reconhecer que software ruim prejudica o velocity de um time. Entretanto, temos dificuldades em indicar o quanto um projeto modernização impactaria na produtividade.
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Seja por receio de errar ou por simples incapacidade de indicar, com “alguma objetividade”, os custos de não resolver problemas de software, repetimos argumentos subjetivos que, logicamente, não conseguem sensibilizar que tem poder de decisão.
Enquanto o “custo da oportunidade” for, justificadamente, percebido como alto demais pela liderança do negócio, não teremos prioridade para arrumar software. Nós, de tecnologia, por não conseguirmos fornecer mais que “reclamação e choro”, somos parte do problema e não da solução.
Mas a dívida técnica tem um nível alto de subjetividade, não? Difícil mensurar nesses termos…
O problema não está na ausência de lideranças com poder de decisão que sejam, também, técnicos? Se ao menos as lideranças que não sejam técnicas confiassem nos quadros técnicos…
Na nossa interpretação, não. As dívidas técnicas existem e são identificadas pelos prejuízos que elas geram. Se eles não forem perceptíveis, não há dívidas.
Quanto aos líderes serem técnicos, gostaria, mas desisti. Por isso, defendo que o caminho é que nós, técnicos, façamos o caminho contrário.