Poucas funções são tão injustiçadas quanto a do gerente. Alguns os acusam de executarem “comando e controle”. Outros chegam ao extremo de apontá-los como sendo a versão moderna do “capitão do mato”. Nós, entretanto, não os vemos assim!
É óbvio que, como em qualquer função, há bons e maus profissionais. Entretanto, acreditamos que a incompetência de alguns não pode condenar a todos.
Outro dia, no shopping, ouvi na fila para pagamento na loja de brinquedos um “gerente-proprietário” reclamando da morosidade do atendimento. Ele argumentava que tinha que voltar “correndo” para a loja pois já era quase hora de fechar – se ele não estivesse lá os funcionários iriam se revoltar, afinal, segundo ele “funcionário não quer nem saber, bateu seis horas quer ir embora”.
Lembro de pensar e dizer: “com gerentes que pensam como você, sem dúvidas”
Também é fato que, infelizmente, por alguma razão que desconheço, formou-se a ideia de associar poder a comportamento “escroto”. [tweet]Poder, quanto precisa se manifestar, menos poderoso se demonstra.[/tweet]
Sou usuário extremamente frequente de serviços de transporte como Uber. Gasto muito tempo conversando com motoristas e sempre me surpreendo de relatos de clientes que fazem reclamações e exigências sem sentido por “estar pagando”. De fato, parece que, como sociedade, temos um “rompante de poder” reprimido que emerge nas primeiras oportunidades.
Há ainda os que romantizam o papel do líder para humilhar o gerente. O triste é que por definição, gerente e líder são, mesmo, papéis diferentes – embora, modernamente, parece que todo gerente também precisa ter habilidades de liderança (o que consideramos muito difícil).
O fato é que a prática da gerência, como todas as profissões, tem mudado e evoluído em ritmo acelerado nos últimos anos. O papel caricato das revistas de quadrinhos e filmes das décadas de 80 e 90 não se aplicam. Infelizmente, como estamos vivendo um “apagão de lideranças”, esse ainda é o modelo infiltrado, por ingenuidade ou preguiça, na cabeça das pessoas.
O papel do gerente moderno é mais importante que nunca. Os desafios da operação e os impulsos da estratégia nunca foram tão gritantes e rápidos. Realmente, é uma temeridade irresponsável aplicar velhas fórmulas para problemas novos.
O gerente moderno é um orquestrador. Ele tem o dever de garantir, fazendo o que for necessário, para que um bom método de trabalho esteja definido e esteja sendo seguido. Além disso, ele tem a ocupação primária de garantir que o time consiga ter a disposição o que for necessário para que a operação aconteça.
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A “novilíngua” corporativa parece estar querendo excluir a palavra gerente. Alguns, honestamente, o fazem “diluindo” as funções gerenciais aos membros dos times, esquecendo, entretanto, que em algum momento alguém ainda fica encarregado de ajudar a manter a orquestração – chamemos esse “orquestrador” de “agile lead”, “agile coach”, “scrum master” (?!) – só não podemos mais chamar “gerente” (nome feio e proibido).
Hoje mesmo, recebemos um feedback nas redes sociais de que o termo “alinhamento” também parece estar sendo excluído da novilíngua corporativa – seria um termo “mecanicista” e quase ofensivo.
A prática é que sempre haverá desequilíbrio de interesses, poder e autoconhecimento nas relações de trabalho e nas relações entre o capital e a força de trabalho. O gerente faz esse equilíbrio mesmo quando não é designado por esse nome.
Nós, da EximiaCo, somos extremamente gratos e nos sentimos imensamente privilegiados pela honra de, em todos esses anos, mesmo pregressos a fundação da empresa, pela oportunidade que sempre tivemos de aprender tanto com gerentes espetaculares e com muitos gerentes horríveis.
A vocês, gerentes, nosso carinho. Contem conosco. Sabemos que poderemos continuar contando com a ajuda de vocês a ajudar organizações a superar dificuldades para superar necessidades do negócio com soluções técnicas inteligentes.