Muitas empresas deixam de adotar serviços de nuvem pública, independente do vendor, em função do aparente custo elevado. Entretanto, quase sempre, a causa é o desconhecimento de alternativas economicamente inteligentes de utilização.
Quando contratamos infraestrutura (IaaS), por exemplo, o aspecto chave é o entendimento dos padrões de consumo, tanto para o dimensionamento das máquinas virtuais quanto para a seleção do modelo de contrato mais ajustado.
[tweet]Embora a maioria dos exemplos de utilização da nuvem destaquem a possibilidade de consumo on demand, com frequência, essa não é a alternativa financeiramente mais atraente. Pelo menos, na AWS.[/tweet] O modelo costuma ser justificado para cargas de trabalho eventuais, testes, e ambientes não produtivos, onde as máquinas virtuais podem ficar desligadas por longo período, onde a cobrança é feita por hora/segundo de utilização, sem qualquer outro compromisso. Afinal, a cobrança é interrompida assim que a máquina virtual contratada é desligada, exceto custos relativos a discos EBS.
O modelo on demand também pode se mostrar financeiramente mais viável com a utilização de ferramentas como CloudWatch Events, em cenários onde as instâncias podem ser desligadas fora do horário de trabalho da organização.
Quando há previsibilidade de consumo, como, por exemplo, em cargas de trabalho consistentes, que executem 24/7, como ambientes produtivos, uma opção mais atrativa são as instâncias reservadas. Neste modelo, são estabelecidos contratos de utilização para 1 ou 3 anos, com diversas opções de pagamento (upfront, partial upfront e no upfront). Em alguns cenários, a redução de custos chega a até 75% em comparação com a opção on-demand. Esta opção está disponível tanto para instâncias EC2, quanto para bancos de dados no RDS.
Ainda para cenários em que exista previsibilidade de consumo, há a opção dos saving plans. Trata-se de um novo modelo semelhante ao das instâncias reservadas, porém com comercialização e gerenciamento mais fácil. Em resumo, neste novo modelo, também há comprometimento de gastos mínimos mensais, por 1 ou 3 anos. Há duas variações disponíveis, EC2 Savings Plans – onde a economia chega até a 72% quando comparada ao modelo on-demand, tendo a flexibilidade de ajustar o tamanho, sistema operacional e a locação (tenancy), dentro de uma mesma família EC2 e região. – e Compute Savings Plans – que permite a alteração da região, família EC2 e inclusive tecnologia de computação (Fargate, EC2 e Lambda), oferecendo descontos de até 66%.
Em cenários que sejam tolerantes a desligamentos, seja pela natureza do domínio ou pelo uso híbrido com outras opções de contratação, há a opção das instâncias spot. Nesse modelo, que chega a ser até 90% mais barato do que o on-demand, a precificação das instâncias funciona de forma similar ao mercado de ações, porém o “ativo negociado” é a capacidade computacional ociosa da AWS. Ou seja, o preço aumenta e diminui de acordo com a demanda. Cabe ao contratante a responsabilidade de estabelecer um limite de preço tolerado e, sempre que este limite é ultrapassado, um aviso é emitido pela Amazon e o recurso computacional é desativado.
[tweet]Financeiramente, na AWS, há um trade-off evidente de previsibilidade de consumo e flexibilidade de provisionamento. Quanto mais flexibilidade para provisionar, mais caro o modelo.[/tweet]
Por operar em OPEX, a nuvem oferece nativamente flexibilidade suficiente para adequarmos a infraestrutura à real necessidade do negócio, dispensando a necessidade de aquisição de hardware upfront. Resta apenas que sejamos conscientes sobre o melhor modelo de contratação.