Tenho atuado como mentor de um CTO, recém contratado por uma grande startup.
Outro dia, o questionei sobre sua relação com seus novos pares e liderados. Ele me contou que, no geral, tudo vai bem, exceto por algumas pessoas com mais tempo de casa. Segundo ele, estas pessoas têm resistido a algumas de suas decisões.
O incrível, ainda segundo ele, é que todas as decisões que tem gerado polêmica são bem razoáveis (confesso que me pareceram, também). Por isso, ele não entendia o que estava acontecendo.
É relativamente comum que pessoas assumindo posições de comando enfrentem, pelo menos no começo, algumas resistências. Geralmente, as dificuldades são impostas por membros com mais tempo no time. Algumas vezes, por terem sido preteridos para a posição. Outras vezes, por estarem defendendo a continuidade de algumas práticas que não estão em conformidade com as crenças do novo gestor.
Felizmente, foi fácil percebermos o problema que, aliás, estava na postura dele!
Acreditamos que liderar significa “bater metas, com o time, fazendo a coisa certa”. Logo, sem metas não há liderança! Quando um gestor toma uma decisão sem vincular a mesma com uma meta, pode até estar pensar que está fazendo uso de sua autoridade. Entretanto, seguramente está fazendo uso do poder de sua posição.
As decisões do novo CTO eram, realmente, razoáveis. Entretanto, não estavam associadas a nenhuma meta acordada estrategicamente e combinada com o time. Eram “mudanças fortes” na forma como as “coisas funcionavam”, mas nunca haviam sido consideradas antes de sua chegada. Logo, era natural que fossem percebidas pelo time como “preferência” ou “modinha” do novo executivo e não como algo realmente necessário.
Minha recomendação ao CTO foi de tentar explicitar, de preferência com o CEO da organização (com tempo de casa e respeito do time), metas estratégicas que demandassem as medidas que ele estava impondo. Se isso não fosse possível, talvez tais medidas não fossem mesmo necessárias.
É sempre mais fácil implantar mudanças quando elas estiverem associadas a uma meta da organização. Se não houver meta associada, é bom questionar se a mudança que se quer implantar é necessária ou é apenas “expressão de nossa vaidade”.
Muito bom ! 😉
Que bom receber um comentário seu, velho amigo. 🙂
Obrigado pelo feedback.